A Política segundo Platão – parte 1

– No Estado, todos vós sois irmãos (…) mas o deus, ao plasmar-vos, a todos os que eram aptos para mandar, infundiu ouro em vosso interior ao gerar-vos, por serdes os mais dignos; misturou prata na composição de todos os aptos para serem defensores; porém, ferro e bronze na composição dos camponeses e outros artesãos. (…) Aos governantes, principalmente, e antes de tudo, ordenou o deus que nada vigiem melhor do que à prole (…) e se um seu filho chegar a conter bronze e ferro, de nenhuma maneira se apiedem, mas dando-lhe um cargo adequado com a sua natureza, o releguem entre os artesãos e os camponeses, e se, em troca, um destes nascer com mistura de ouro e prata, honrando-o, elevem-no à classe dos guardiões ou defensores.

(Platão, A República)

– Aqueles que se possuem por meio de compra, que sem discussão possam chamar-se escravos, não participam em absoluto da arte régia.

– E de que maneira poderiam participar?

– E então? E todos os que entre livres se dedicam espontaneamente a atividades servis, como os anteriormente citados, transportando e permutando os produtos da agricultura e das outras atividades; aqueles que, indo de cidade em cidade, nos mercados, por mar ou por terra, trocando dinheiro por outras coisas ou por dinheiro, aqueles a quem chamamos de banqueiros, comerciantes, marinheiros e revendedores, poderiam por acaso reivindicar para si algo da ciência política? (…) Mas nem mesmo os que vemos dispostos a prestar serviços a todos por salários ou por mercês, nunca os encontraremos partícipes da arte de governar… Que nome lhes daremos?

– Como agora acabas de dizer: servidores, mas não governadores dos Estados.

(Platão, Político)

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